NOTÍCIAS
O testamento vital de Maria Laura
11 DE ABRIL DE 2022
Mulher idosa surpreende estudantes de medicina com o seu testamento vital.
Os estudantes de medicina têm seu primeiro contato regular com pacientes internados no curso de propedêutica clínica, conhecimento básico da disciplina. Neste momento, aprendem a fazer a anamnese, produção de uma história a partir de uma entrevista estruturada, e a semiologia: reconhecimento de sinais e sintomas. A partir da associação entre narrativa e observação surgem a quase totalidade dos diagnósticos, desde quando Hipócrates de Cós presenteou a humanidade com seu método clínico.
Os jovens ficam maravilhados ao vestirem a roupa de médico, algo inseguros, algo extasiados adentram as enfermarias. Muitos deles têm convicção de que assim que dominarem a arte serão capazes de diagnósticos excepcionais, curas improváveis e, no limite, como Asclépio fazia, trazerem os mortos de volta à vida.
A paciente do dia, Laura Maria, de oitenta e quatro primaveras, sorri, apesar de algum desconforto respiratório causado pela pneumonia que exigiu internação, oxigênio suplementar e antibiótico endovenoso. O diagnóstico não oferece desafio, mas um documento que a senhora porta, plastificado, muito bem cuidado, desperta a curiosidade e, eventualmente, a consternação dos presentes.
Ela faz questão de mostrar o seu testamento vital. Ali consta que ela não aceitaria em nenhuma hipótese ter sua vida prolongada por ventiladores mecânicos, alimentação artificial por sondas, não toleraria ser submetida a reanimação caso sofresse uma parada cardiorrespiratória, sua decisão está embasada na normativa ético-profissional vigente no país. Documento assinado e registrado em cartório.
Atônita, uma jovem estudante de vinte anos queria saber o porquê. Por que Maria Laura não aceitaria as intervenções que a medicina poderia oferecer para prolongar a vida?
Porque tudo o que começa um dia termina, e eu não quero terminar agonizando em máquinas. Eu sofro, quem cuida da gente sofre, os enfermeiros sofrem, por quê?
Autonomia. Primeiro princípio da bioética. Discutimos o caso em três aulas seguidas. Não precisa ter conclusão, mas é preciso partir do pressuposto que as pessoas podem decidir o que consideram mais adequado para o seu próprio cuidado. Podem viver em plenitude até o final de seus dias.
Hipócrates também nos ensinou em seus aforismos que sedar a dor é divino; que a arte é longa e a vida é breve; que a oportunidade é fugaz, a experiência é enganosa e o julgamento difícil.
Em tempo, Maria Laura teve alta com a pneumonia resolvida, não foram necessárias medidas extraordinárias e o seu testamento vital completará treze anos junto de seu octogésimo quinto aniversário.
Tudo o que começa um dia termina. Fim.
Fonte: Folha de São Paulo
Outras Notícias
Anoreg RS
IRIB – Teoria e Prática da Lei nº 14.382/2022 (MP 1.085/2021): curso foi oficialmente lançado no dia 7 de julho
11 de julho de 2022
Depois de período em pré-venda, lançamento oficial do curso foi realizado ontem.
Anoreg RS
Artigo: Fauna silvestre merece proteção – Por José Renato Nalini
11 de julho de 2022
O registrador imobiliário Marcelo Augusto Santana de Melo se doutorou pela PUC-SP, apresentando a tese “A...
Anoreg RS
No meu prédio existe um apartamento vazio, o dono nunca aparece. É viável usucapião?
11 de julho de 2022
Se a via adotada for a via EXTRAJUDICIAL é importante recordar que o Provimento CNJ 65/2017 traz importantes...
Anoreg RS
Entenda as novas regras para mudança de nome e sobrenome
11 de julho de 2022
A MUDANÇA DE NOME representa uma questão muito peculiar por envolver direitos personalíssimos encapsulados no...
Anoreg RS
Lei nº 14.398/2022 institui o documento de identidade de notários e registradores e de escreventes de serventias extrajudiciais
11 de julho de 2022
Institui o documento de identidade de notários e registradores e de escreventes de serventias extrajudiciais.